Escorpião: as Flores depois do Encontro
- Cristina Marques

- 29 de nov. de 2020
- 3 min de leitura

Depois das flores enfeitadas em libra para a festa com os outros, tudo acaba, e nas mesas vazias há as flores murchas nos vasos. Algumas pessoas depois da festa se encontraram, flertaram, e agora vão para casa em seus encontros mais íntimos...E nessa paisagem do Jardim das Estrelas é chegada a vez do signo de Escorpião. E na imagem da festa que se foi, da flor que murchou, da intimidade sobre quatro paredes, vem a palavra-chave: PERDER-SE, ACABOU.
Escorpião é considerado o signo da máxima intensidade emocional e dos tabus, da morte, do sexo, daquilo que fazemos e sentimos às escondidas. Como o próprio jeito do bicho que anda no escuro e possui um veneno mortal. Pessoas interessantes, misteriosas com capacidade de ligar-se profundamente àquilo que amam, até perderem-se de si mesmas. Essa fusão emocional, mescla de amor e desejo, de deixar-se absorver intensamente é que trás essa qualidade de ser determinado, obstinado, profundamente comprometido: seja numa causa, no trabalho ou nas relações. Morre e transforma intensamente sua identidade por aquilo que se deseja. Quando se abre vai com tudo, e também se fecha por medo de perder o controle de si.
Podemos exemplificar esse sentimento escorpiano naquela sensação de perda da própria vida, ou da morte de algum querido. Sabe quando algo que se ama muito acaba, sofremos com isso… e mesmo em vida já se valoriza por demais com esse anseio da perda. Tipo: “Eu amo e quero, e sei que posso perder, e por isso valorizo ainda mais (e quer se conectar mais profundamente), e por isso tenho grande medo de perdê-lo.”
Nesse anseio tão grande de intimidade há um perder-se, assim como no próprio sexo em que não se sabe ao certo se é um ou dois corpos. Para ser tem que ser total, único, idêntico. E essa obstinada perda e desejo pode acarretar a própria destruição, porque se doa tanto e sigilosamente e quer que o outro corresponda da mesma maneira, o que na grande maioria da vezes não acontece, o que lhe fere profundamente. Seu lema é quem mais se entrega vai ter seu desejo atendido no momento em que necessite.
E por essa sensação de ter que entregar-se não aceita muitas vezes ajuda, porque acha fielmente que terá que dar algo em troca, como um pacto de sangue. Destroem ou destroem-se por não saber sair do alto grau de comprometimento. Mas nessa destruição pode também haver uma profunda sabedoria, uma grande capacidade de realização e transformação que aos olhos vistos e conscientes jamais se poderia imaginar. É uma força poderosa, de uma intensidade de renascimento e regeneração muito grande.
Na natureza do hemisfério norte, escorpião ascende no meio do outono, aonde as folhas caem, e nessa serapilheira que se fusiona toda, aparentemente morta, jaz debaixo da superfície um rico nutriente da terra, que fertiliza para uma nova vida.
Escorpião tem que aprender a se entregar e mesmo assim pôr limites a si mesmo (algo mais difícil para todos signos de água) para que se envolva mais saudavelmente com aquilo que ama. É desejar sem perder(-se). É pegar aquelas flores que murcharam após a festa e colocar suas emoções embaixo da terra (limite), e aprender que todo processo de morte adentra nas entranhas escuras para poder virar nutrição. Na valorização daquilo que se ama, que era belo, e que se foi. E que a perda tem uma qualidade tão bonita e sofrida como a própria vida.
Cristina Marques - Hora Estelar
Mais:
@cristinamarques.horaestelar

_edited_edited_edite.png)
%20(1).png)



.png)
.png)



Comentários