Peixes - o Amor que envolve a Dor

Na série Jardim das Estrelas, depois do coletivo que se encontra em Aquário vem o signo de Peixes. E nessa comunidade rural que vive de forma intrínseca com a terra chega o último mês do inverno. Começou o período do degelo, as ruas estão alagadas e enlameadas, grandes pedaços de neve se desprendem em avalanches, é mais perigoso sair para a rua. As comidas racionadas ao longo do período frio estão em seu fim, é preciso auto-sacrifício para sobreviver. Algumas pessoas estão enfermas e é necessário ajudar e compassivamente acolher os sentimentos dos sofredores. Não há muito o que fazer...é esperar e orar, confiar que os milagres acontecem e que há forças maiores que uno mesmo e que guiam a existência.

No signo de peixes há dor no coração, não entende muito bem porque há sofrimento, desgraça, o sentido de tudo isso. Mas para além desse emocional amplo e impessoal é o signo da IDEALIZAÇÃO, é querer o retorno ao paraíso em que o amor, a bondade, o bem venha a reinar. E quando falamos que é o signo da espiritualidade não necessariamente é crença, mas os princípios que estão envolvidos. E assim tem que atentar para a tendência a sentir Culpa, inclusive as que não são suas.

É esse anseio por transcender as mazelas da vida, das relações e do seu próprio coração. E por isso sofre ou se ilude e cria um mundo seu totalmente à parte como um mecanismo de proteção (um mundo de faz de conta) ou mesmo se evade da situação. E por isso também é um dos mais queridos do zodíaco - empático com relação à dor do outro por ter esse impulso de salvador, por se sacrificar e anular a si mesmo e aos seus desejos em prol de algo maior. Só que nem sempre isso se dá de maneira saudável. Planetas e casas no signo de peixes podem ter dificuldade de conquistar(-se) e sacrificam sua identidade, seu Eu, o que pode gerar estrago e caos, vício e melancolia, ou não ter força suficiente para nadar contra a corrente.

Nessa dissolução pode vir outra pegadinha, que é a capacidade de ser INFLUENCIÁVEL, e é muito saudável @ piscian@ aprender a se recolher e sentir seu próprio coração e intuição para não se deixar envolver pelas ondas de pensamentos, sentimentos, atitudes, temores, desejos que não são seus. É uma linha tênue entre saber se proteger dessa onda invisível (e atentar para que não fique inacessível) e ao mesmo tempo estar aberto porque a sua sensibilidade pode vir a ajudar muita gente. Quando se anula demais (se se dá conta disso) perde sua identidade e vem o caos emocional.

Como tem essa qualidade de não diferenciação, não suporta limites, as palavras lhe doem porque definem, e podem se machucar por serem sensíveis demais ou entrarem em um estado de ilusão que nega a realidade e parece que não quer enxergar. E nessa permeabilidade com o meio, nessa “gentileza” devem muito aprender a dizer NÃO, porque se anulam por amor e sacrifício, cumprindo os desejos que não são seus ou fugindo para não dizer não.

De maneira positiva, a fuga sonhadora pode vir a ser um dom de criar e “brincar de paraíso e de deus”, trazendo para a terra ideias e ações que ainda antes não existiam, por isso podem ser muito criativos, impulsionadores do invisível, trazendo imagens com beleza e sentido, absorto em suas fantasias que sim! podem vir a se tornar realidade, pois tudo é possível. E trazer um dom de cura incrível.

Nessa permeabilidade com o Invisível emocional que nos envolve possui uma sabedoria maternal intuitiva capaz de saber e sentir, colocando as ações e palavras que adentrem ao coração humano, que toque bem profundo, que falem em imagens tão antigas como a própria humanidade, que revolva lá dentro, e com sensibilidade abarcar um mundo mais amorosa. E quando se tornam fluidos são capazes de rir e sentir prazer contemplativo com muito pouco, e criar pequenos instantes de conforto de paraíso, porque tem esse condão mágico dentro de si que mesmo na dura realidade, a partir de seu coração, é capaz de criar novas maneiras de viver bem consigo mesmo e com a vida. Ilusórias ou não? Porém nessa teia invisível é isso o que move o mundo para que seja muito melhor e ideal.

O inverno está no fim, há profundos contatos com medos e anseios meus e dos outros, há dissolução deles na fé, uma maior e sábia força do mistério, e mesmo na morte e na dura realidade, leveza e amor chegam e pode haver paz. Naquela semente bem recolhida e quieta no fundo da terra, que aceita, e em tempos vindouros vai ser capaz de criar uma nova vida e um novo Jardim de Estrelas.

Cristina Marques - Hora Estelar